O
mesmo posso dizer à explicação dada sobre como realizar as manobras. Daqui para
a frente a demonstração escrita de como realizar as manobras será menos
minuciosa, pois com o dificultar das mesmas, torna-se difícil de as explicar.
Já abordei diversas manobras de índole básico para que te
possas iniciar. Está na hora de passares realmente à acção e levantares
voo...literalmente!
EL ROLLO
O El Rollo é das manobras mais executadas nos dias de hoje.
Esta ganha um carácter importantíssimo porque, na minha opinião, antes de
executares outras manobras aéreas, deves dominar bem o rollo.
Digo isto porque
é uma manobra de relativa facilidade de execução que te ajuda imenso a entender
o que é bater no lip da onda e a suas forçar/projecção. Mas isto até pode não
ser aplicável a muita gente.
Quando te encontras na onda, tens de te focar no exacto
ponto da onda esta começa a quebrar: o lip. É este que te vai projectar e
ajudar na execução de qualquer manobra aérea.
Então, ao focares o lip, “desenhas” um bom bottom-turn de
modo a ires de encontro a este. Utilizas a força que ele que te oferece para
desenhares um arco perfeito, rodando no ar de cima para baixo. O lip é o que te
projecta e ajuda-te a realizar a manobra quase por si só.
Com mais ou menos
força/velocidade, dependendo da qualidade do lip e do timing em que lhe
bateste. Pensa bem no movimento antes de o executares e, principalmente, como e
onde aterrar.
Quando te iniciares na tentativa de fazer um El Rollo,
lembra-te que é o lip que te projecta, e não tu que te projectas fazendo força
no lip e tentar rodar no ar por ti mesmo. É o que normalmente os newbies fazem
no início da aprendizagem do rollo.
BARREL/TUBO
Bem, a essência de qualquer desporto de ondas está aqui. O
tubo. É o que mais procuramos na busca de ondas. Aquele buraco infinito que nos
"cospe" seco do seu interior.
O tubo não é uma manobra. Mas exige uma boa linha e saber
controlar a prancha, de modo a encaixar no seu interior da melhor maneira. Isto
porque cada tubo é um tubo e estar posicionado de um modo pode não servir para
um tubo mas servir para outro.
Nesta altura, já deves dominar o bottom-turn, saber andar na
onda e saber travar. É o essencial para conseguires um bom tube riding.
Ao dropares uma onda, executas um bom bottom-turn de modo a
não perderes velocidade. Se o tubo for muito rápido, convém teres toda a
velocidade possível para conseguires sair dele.
Se for mais lento, após o
bottom-turn, podes travar de modo a que a onda avance mais depressa do tu e
consigas encaixar no seu interior.
Para acelerares, chegas o teu corpo um pouco para a frente
na prancha. Aproximadamente até teres os ombros quase (ou mesmo) ao nível do
nose. Para travares, usa as pernas até que a onda te cubra e possas andar no
tão desejado tubo.
O tubo requer muita prática. Tens de aprender a analisar o
tubo e o modo como ele será para conseguires agir antes deste começar a bombar.
REVERSE SPIN/INVERTIDO
O invertido é o mesmo que o 360º, com a diferença que a
rotação é feita no sentido oposto à onda. Se quiseres chama-lhe 360º invertido.
Eu não digo que seja muito necessário saber primeiro fazer o 360º antes de
passar ao invertido. Conheço muito boa gente que saca grandes invertidos e 360º
está quieto. Mas vejamos o conceito:
1 - na zona certa da onda, dás um impulso com a tua anca ao
mesmo tempo que o teu peso é balanceado para a frente. Não te esqueças, levanta
as pernas (cruza-as);
2 - o próprio movimento da anca será a tua alavanca para
arrancares para a rotação. Não te esqueças que a cabeça deve estar virada para
o lado que vais rodar de modo a ajudar ao movimento e mantém a prancha alinhada
paralelamente com a água de modo a não a enterrares.
Repara, sendo que nesta altura já deves saber fazer o 360º,
escusado será dizer que tens de rodar para o lado oposto à onda para executares
o invertido. Ou seja, se a onda é esquerda, rodas para a direita, se for
direita, rodas para a esquerda.
Qualquer dúvida em relação ao movimento, consulta a dica
sobre o 360º e aplicas, basicamente, o conceito mas para rodar para o lado
contrário. Continuas a exercer pressão no rail de fora (no caso de onda
esquerda, mão direita e vice-versa), mas aqui o impulso da anca e o alinhamento
da prancha na água são fundamentais. Tenta executar a manobra no lip ou numa junção,
pois é muito mais espectacular de se ver e realizar.
ARS/AIR ROLLO SPIN
Tal como o nome indica, o ARS é uma manobra que combina o
rollo com o 360º, sendo executada no ar. Ao executares um El Rollo, quando te
encontras na fase de descida, mantém a prancha "colada" ao teu peito
e...aqui é que se complica. Até a explicação por escrito. No fim da rotação no
ar, com o peito junto à prancha, exerces força na anca, com a ajuda das pernas,
de modo a gerar uma rotação no ar.
Deves, também, ter em atenção que deves
chegar-te bem à frente na prancha – os ombros ao nível do nose -, desta maneira
aterras paralelamente à água e não te magoas tanto no impacto. É uma manobra
algo complicada de se executar. Já nem digo de extrema dificuldade, porque hoje
em dia muitos o sabem fazer tranquilamente.
Mas lembro-me de o próprio Mitch
Rawlins ter admitido à uns anos que o ARS era o seu ponto fraco, pois não
encaixava de maneira alguma com a manobra.
Quando terminares a manobra, ou seja, na queda, certifica-te
que alinhas a prancha de modo a conseguires prosseguir na onda.
FORWARD OFF THE LIP SPIN/360º AÉREO
O 360º já foi bastante discutido ao longo deste artigo. Já o
deves dominar...certo?? Então, o 360º aéreo, remete para exactamente o mesmo
conceito inicial. A diferença aqui, é que para o 360º aéreo, deves ir de
encontro ao lip ou topo da onda, com bastante velocidade para conseguires a
rotação e aterrar na onda de modo a continuares nela.
Nota que, quando te encontras no topo da onda, após um
bottom-turn bem puxado, deves iniciar o movimento de rotação antes de
descolares. Quando descolas, exerce algum peso para a frente da onda para não
correres o risco de acabares atrás dela - não é exercer um peso exagerado como
que descolar do lip quando mal lhe tocaste.
É simplesmente equilibrar o corpo
de modo a sentires que não vais sair para trás da onda. Isto é algo que
explicado é complexo, mas com a prática no bodyboard vais saber dosear os
movimentos e as suas execuções.
Ou seja, descolas em movimento de rotação ao
mesmo tempo que o teu corpo está balanceado para a frente da onda.
NVERT AIR
Eu acho esta manobra brutal. De uma radicalidade fantástica
e, quando bem executada, representa muito bem o que é o bodyboard e a força das
suas manobras. Não é a minha preferida, mas está perto.
Ver o Mitch Rawlins nos
filmes a executar esta manobra, é qualquer coisa de espectacular.
O invert consiste em bater no lip da onda e sair para a
frente desta com o slick a apontar totalmente para a praia. Apenas e só isto.
Dito assim parece fácil. Esta manobra requer uma excelente leitura da onda...do
lip essencialmente. Tens de conseguir perceber o exacto momento em que tens de
subir na onda e bater no lip.
Quanto melhor for calculado, quanto mais velocidade no
bottom-turn adquirires, maior o aéreo que mandas, mais tempo para executar a
manobra no ar, mais animal se torna o movimento:
1 - fazer um bottom-turn bem arrojado em direcção ao lip;
2 - no exacto momento em que o teu corpo se começa a moldar
ao lip, ou seja, a prancha está, basicamente, em rotação com o lip, a tua
cabeça já começa a apontar para baixo. Isto vai fazer com que o peso do corpo
seja transferido para a frente e saltas para a frente da onda;
3 - assim que bates no lip, viras a prancha de modo a que o
slick fique a apontar para a praia;
4 - na aterragem, tenta estar bem posicionado em cima da
prancha para não te magoares. Quando estás no ar, tenta abrir as pernas. O
visual da manobra é muito mais espectacular.
AIR
REVERSE/INVERTIDO AÉREO
A minha manobra favorita. É simplesmente espectacular o modo
como se pode aproveitar altas junções para voar completamente fora da onda com
uma leveza incrível.
A execução desta manobra é, normalmente, facilitada pelas
junções, mas também é realizada em ondas que não junções.
Pensando numa...junção, quando vês o aproximar desta, tens
de ter um timing perfeito para subires na onda e conseguires fazer a manobra.
Então, fazes o bottom-turn...quando bates no lip, fazes
exactamente igual ao invertido, movimento da anca, pernas para cima (cruza-as
se faz favor!), rotação da cabeça. A diferença é que não aplicas tanta pressão
no rail de fora. Se fizesses pressão, então nem levantavas voo.
Deste modo, o movimento quase que se realiza por si só. É
exactamente do mesmo modo que fazes o 360º invertido, com a diferença da
pressão a aplicar no rail exterior. Neste caso, és peso pluma para que consigas
voar e rodar bem alto.
Também é possível executar a manobra num lip normal, isto é,
sem ser numa junção. Mas requer muito mais capacidade e força física para
conseguir mandar a manobra e aguentar a onda.
BACKFLIP
O backflip ou mortal. Aviso já, antes de tentarem a manobra,
aqueçam bem as costas e a zona lombar. Lesões graves podem advir desta manobra.
Más aterragens podem originar problemas físicos sérios.
Tal como digo acima, esta manobra é o executar de um mortal.
Analisas a onda como se de um invert ou air reverse se tratasse. O lip tem de
estar no ponto, senão a manobra não dá em nada.
Fazes o bottom-turn e executas um princípio do invert: na
subia, a cabeça começa a acompanhar o movimento da prancha em volta do lip,
ficando a apontar para baixo. Quando sentes que estás solto do lip, aplicas o
princípio do ARS: prancha junta ao corpo.
Depois, com a anca, dás um impulso
para cima, de modo a que realizes o movimento. As pernas também ajudam ao
movimento com a anca, exercendo peso para a frente, para que a rotação seja
feita. Cruza as pernas mesmo antes de a rotação ter sido executada. Dá um
brilho diferente à manobra.
No fundo, quando bates no lip, dobras todo o teu corpo em
direcção à tua cabeça. É isto que faz com que faças o movimento do backflip.
GORF/AIR HUB/INVERT TO AIR REVERSE/GYROLL/DOUBLE
ROLL/DROPKNEE
Bem, o artigo está mesmo a terminar. Falta abordar aqui
algumas manobras. Estas são menos conhecidas, mas existem. Mas pessoalmente,
nunca vi executarem um Air Hub ou Gyroll.
Mas começo pelo dropknee. Hoje em dia diz-se que o dropknee
está a morrer. Bem, se é verdade ou não, não consigo dizer. Mas continuo a ver
bastantes riders por aí dedicados ao dropknee.
O dropknee não é uma manobra,
mas sim um estilo. O estilo de dropar ondas com um pé e um joelho em cima da
prancha. Manobras, existem várias. Desde o 360º ao El Rollo e dos conhecidos
Snaps e Floats.
O Gorf é um frontflip. Lembro-me de ver no DVD Liberdade de
Movimento, o Laranja a abusar desta manobra a torto e a direito.
Invert to Air Reverse. Um pouco como o ARS, o que aqui está
em jogo é o executar de um invert e terminar num air reverse. O Dallas Singer é
um exímio executante desta manobra.
Double Roll, é um duplo rollo. Raríssimo de se ver porque
exige muita velocidade na execução do movimento.
Air Hub e Gyroll...nunca vi! Ou se vi, não sabia que assim
se chamavam.
Vídeo Gorf
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